Partimos em duas barcas. A primeira formada pelo mestre Fabio Nunes, Brenno e Betinho Top Tape. Eu segui na segunda barca junto com os amigos Konrad e o rei de Campos, Gustavo Saldanha, o “Guga”.
Foto: Glauco e Betinho Top Tape antes da decolagem.
Chegando à rampa o vento forte assustava, um toco de vento desanimador. No entanto o céu azul turquesa e as formações que mais pareciam discos voadores eram um convite ao cross country. Montamos as asas e o Guga, certamente o piloto mais experiente em Campos resolve birutar. Decolagem técnica que levou alguns minutos com os cabistas tendo trabalho para domar a asa que teimava em dar pinotes. Decolou bem e saiu ganhando tudo. Fui o segundo a decolar e dei graças a Deus de ter encarado duas temporadas em Quixadá. Valeu o treino!
Eu e Guga colocamos 1.300mts e partimos para o cross. Vento caudal total com a asa andando 100km nas tiradas. Térmicas falhadas e subindo pouco, mas uma fartura enorme o que nos mantinha no ar e deslocando mesmo a baixa altura. O Konrad decolou depois e foi sozinho tentando forçar para as cordilheiras e acabou pousando 30km da rampa. A outra barca optou por não decolar devido aos fortes ventos. De fato estava forte mesmo e o voo no início estava desconfortável com térmicas deitadas, quebradas e com pouca intensidade.
Revezamos posições, hora o Guga puxava na frente. Em outros momentos eu tirava. Assim fomos birutando um ao outro nas horas de sufoco. Quase pousei na estrada de Quissamã quando peguei uma térmica salvadora que me colocou em um cloud street fantástico. A partir deste momento o voo ficou um absurdo de gostoso. Fui seguindo uma linha magnífica que levava ao litoral. Ao chegar em Macaé então foi fenomenal! Formou-se uma linha exatamente em cima do mar. Eu surfava com as gaivotas e urubus térmicas na linha da praia e já comemorava a cervejinha com camarão ao alho e óleo. Em Rio das Ostras peguei uma termal na beira da praia que me colocou a 1.000mts. Coloquei no vento caudal e fui até São João da Barra.
Neste momento via Buzios a apenas 15km. Pousei na praia no encontro do rio com o mar, em uma vila de pescadores belíssima. Sem duvida um dos lugares mais lindos que já pousei. O Guga pousou pouco antes também na beira da praia.
O resgate demorou muito já que o Konrad foi encontrado às 18:30. Mas eu não estava nem aí. Sentado a beira mar tomando uma cervejinha e conversando com os pescadores locais o que não faltou foi estória e nem tão pouco hospitalidade. Banho na casa de um, almoço na casa do outro e bom papo com os lobos do mar. O que mais um voador pode querer?
Cheguei em casa à meia noite. Cansado e feliz. Afinal foi mais uma segunda feira sem lei! Dia oficial dos bons voos. Obrigado Senhor!
NOTA: Na verdade nesta barca estavam voando quatro pilotos: eu, Konrad, Guga e o querido Mickey. O Guga recebeu a missão de jogar as cinzas do Mickey em voo. Ele o fez sobre a rampa de Campos. Nosso amigo passa a ser o guardião e protetor desta rampa. Que nosso amigo continue sempre voando e protegendo cada um de nós. Valeu Mickey!
Bons voos a todos,
Glauco Cavalcanti
Detalhes do voo: http://www.portaldovoo.com.br/leonardo/flight/1104
